dezembro 13, 2010

Tv Memória : A Deslocalização do Bigode



Nota Prévia : Na falta de tempo para postar regularmente, irei republicar aqui posts de outras épocas, de quando era ainda pequena e dentuça como a foto acima documenta. Não estranhem as mamas, sempre as tive grandes. Eventualmente os posts terão cortes e adaptações pontuais. Para quem não se dá com comida requentada, desde já as minhas desculpas.


Este post data originalmente de 23 de Setembro de 2003, e vem a propósito do tema da violência doméstica.


A Deslocalização do Bigode  

Parte I 

Foi a minha perspicaz amiga Ludvina, que me chamou a atenção para o facto. 

Teorizava eu com ela, e ela comigo, acerca de uma cliente minha. Feia como um cão, daqueles pinchers com ar mais escanzelado do que a Signourey Weaver. Incapaz de se vestir sem utilizar cores shocking (quase choking) e padrões floridos ao bom estilo dos anos 70.  


A senhora é inteligente, muito, e tem um incrível apêndice piloso supra labial. Uma forma delicada de dizer que a mulher tem um bigode filho da mãe. Casada? Claro. O marido? Um tipo normal, aparência decente, enfim nada que nos sugerisse o seu recôndito gosto em mulheres e em pêlos. 

O casal anda sempre de mãos dadas e parecem celestialmente felizes. Excepto à noite, quando a vizinhança acorda com alguém a soluçar incontrolavelmente no pátio. O marido, claro. 

Momentos de lucidez, o cair em si, propunha eu à Ludvina. Ao fim do dia, incapaz de se conter mais, o desgraçado dava largas ao seu sofrimento e à angústia e à vergonha de um homem de 40 anos ter de andar de mão dada em público com um arco Íris peludo. 

Mas não, elucidou-me. A mulher bate-lhe mesmo e o infeliz ser não tem outro remédio senão refugiar-se no pátio. 

Coitado avancei eu -  mas depressa esclareceu-me que mais uma vez fui precipitada e incauta no meu julgamento:  Diz a Ludvina, que não é mulher de falar sem saber o que diz, que tudo tem a ver com o posicionamento do tufo. O tufo de pêlos. Aquele imenso mar negro de excrescências capilares situados debaixo da penca do raio da mulher. 

Mas então, contrapus, o que leva um homem adulto, no exercício pleno e supostamente livre das suas capacidades cognitivas a suportar tal sorte? 

O bigode farto e negro, sentenciou. Na escuridão da noite, no recato do quarto, no frenesim louco do desejo e da paixão, o tipo obviamente confundia o bigode com outra zona supostamente provida de pêlos. E pelos vistos sabia-lhe bem o engano. Achava, que o aconchego da sua mulher era diferente das outras que tinha conhecido, e isso compensava tudo o resto. 

Afinal tudo se resumia a movimentos logarítmicos e a conjugações numéricas favoráveis com o algarismo seis e o mesmo algarismo acrescido de três unidades. Um número inteiro portanto, que devidamente equacionado e posicionado mais não é que o Yin e o Yang.


muuss pras queridas

11 comentários:

  1. Só para dizer que a Vaca Muuuuu quando era Vaquinha Muuuuzinha era uma graça :)

    Quanto ao post, agora fiquei baralhada...

    Estranho, muito estranho...onde é que eu já li isto???

    hummmmm

    Beijinho :)

    ResponderEliminar
  2. "Coitado avancei eu - mas depressa esclareceu-me que mais uma vez fui precipitado e incauto no meu julgamento:"

    Contrariamente à Maria este post não me é familiar, MAS vejo dois adjectivos no masculino a referir-se à tua pessoa. Não é lapso de certeza.

    Quem é o "boi" que se esconde atrás da vaca?:)
    beijocas

    ResponderEliminar
  3. Querida Maria,

    Em miúda eu era uma graça? Então agora já não sou?

    Baralhada? És carta de baralho? Deixa-me adivinhar : és a rainha de copas?

    kissi pra si

    ResponderEliminar
  4. Queridérrima Nina,

    O post não te é familar, nem nunca o poderia ser, porque os posts não têm parentesco.

    Conheces a alegoria da caverna de Platão? Em que a rapaziada que vivia na caverna, apenas tinha percepção das sombras? Julgando contudo que esse mundo de sombras era o mundo real, porque era o único que tinham percepcionado através dos sentidos? Pois é, desde aí está provado que os sentidos enganam, e que não podemos confiar senão naquilo que conseguimos atingir por via do raciocínio e das ideias puras e inatas.

    Logo, aquilo que tu viste, não é prova bastante, para poderes inferir que traduz a realidade. O que tu viste foram certamente as "sombras" dos dois adjectivos.

    Por outro lado, não é dito em sítio algum, que a personagem do texto sou eu. Aliás, tendo em conta a imensidão de seres humanos que existem no mundo, a probabilidade de ser eu, é de 1 para 100.000.000.000.

    Quanto a não ser certamente lapso, eu poderia dizer também que essa tua dedução também é certamente lapso.

    Acrescento ainda que você mesma disse em comentário ao post da vaca helicóptero, que a vaca malhada era mulher como vós. Não pode a menina mudar-me o sexo, comentário sim/ comentário não.

    Temos assim um post órfão, com adjectivos sombreados, protagonizado muito provavelmente por um chinês- estatisticamente falando- passível de lapsus linguae, em que a leitora Nina, desdiz o que disse 24 horas antes.

    A querida acha mesmo que é legítimo tirar destas premissas tão falaciosas qualquer conclusão válida e universal?

    Até eu, com esta argumentação, me auto-convenci que não.

    kissis pra sí

    ResponderEliminar
  5. http://anarcka.blogspot.co /2003_09_01_archive.html

    Na altura, o cara de boi tinha cornos, fazia mú e ruminava mas nunca tinha olhado para um palácio.
    Era o ANARKA e agora pensa que é vaca fina.
    Vá, não te caia o "lipi estiqui"!

    ResponderEliminar
  6. Cara Vaca...ou outra coisa qualquer, acredita que a dissertar conseguiria ultrapassar todos os parágrafos que aqui colocaste.

    P.S: quem sou eu para mudar o sexo de quem quer que seja? Tu encarregaste-te de o fazer e, ao que parece, um anónimo confirmou-o.

    Fica bem

    ResponderEliminar
  7. Não posso deixar de reconhecer a minha surpresa, não só pelo teor e objectivo do comentário da anónima – a minha sensibilidade taurina diz-me ser uma anónima, mas se estiver errado, mal ao mundo não virá – mas acima de tudo pela forma como aparece aqui.

    O anarcka foi encerrado há mais de 6-anos-6, tinha um punhado de (bons) leitores, dos quais só um mantém ainda hoje o seu blog activo – e bem activo, diga-se em merecimento da qualidade e da acutilância das suas opiniões.

    O anarcka tinha uma característica especial, todos os posts eram dedicados a alguém - leitores ou pessoas conhecidas de alguns leitores - e por isso tinham muita informação nas entrelinhas, que só os próprios entendiam. Se por um lado este facto tornava a escrita mais divertida, pela empatia e cumplicidade que se criava com cada pessoa visada, por outro lado os textos apresentavam-se algo estranhos, aos olhos de leitores pontuais.

    O blog em si nada tinha de anarquista, no sentido corrente do termo. Era apenas non-sense inconsequente, com o intuito provavelmente não conseguido, de tentar ter graça. Apenas isso. Aqui e ali, nas entrelinhas, escreviam-se algumas coisas mais sérias.

    O nome era apenas uma espécie de anagrama de Nck – aNarCKa- que por sua vez mais não era que a palavra nick de nickname, sem vogal. Ou desvogalizada como gosto de dizer sempre que me perguntam o significado.

    Estou a afastar-me do que queria dizer: Como é que, muitos anos depois, uma dessas pessoas aparece aqui, num blog com pouco mais de 2 semanas? Procurando-me? Mas as probabilidades de me encontrar aqui em espaço temporal tão curto é inverosímil. Mero acaso do destino? Ou sempre soube de mim?

    Penso em duas pessoas. Uma por quem tenho estima, a outra por quem já não tenho. Inclino-me para a primeira hipótese. E se estiver certo, acho que ficou algo por esclarecer no passado, e lamento que assim tenha sido.

    Esteja ou não certo, seja eventualmente outra pessoa qualquer, tenho apenas a dizer o seguinte:

    O conteúdo da “importante” informação/revelação que o/a anónimo(a) traz ao Vaca Malhada, não é nem relevante nem importante, nem é novidade de maior.

    Tenho 3 leitoras se não errei a contagem.
    A Maria, que há muito sabe que o anarcka existiu, e desde o segundo post da Vaca, sabe que sou eu.

    A Nina, que é miúda difícil de levar à certa e tão ou mais perspicaz que a Ludovina, e que já tinha adivinhado antes do comentário da anónima, que aqui havia gato, e não gata.

    E a Malena, que tanto quanto sei, a saber, terá sabido pelo comentário, se o leu.

    Não havia, não há, nada a esconder, apenas brincadeira. Tal como no anarcka.

    Quanto ao resto do comentário, e ao propósito/objectivo concreto do mesmo, não me vou pronunciar, pelas seguintes razões: se foi proferido pela pessoa por quem tenho ainda estima, calo-me, por respeito a ela. Se foi proferido por outrem, não me dou ao trabalho de responder. Toda esta explicação, é mais para as 3 leitoras acima referidas. Para que decidam por si, se é ou não gravoso o alerta efectuado.

    Não há na génese da vaca malhada, nada de tenebroso, de plano maquiavélico ou qualquer fim louco a prosseguir. Há quinze dias atrás, ao procurar uma imagem de uma abelha para enviar a uma amiga, vi a vaca malhada e pensei : que vaca boa para um blog ! Foi assim, 15 minutos depois, existia o blog. Tão simples quanto inocente.
    Fique claro também que não sou engenheiro biológico, nem vendedor de extintores e de peles de coelho. A vaca e o nck , respectivamente, é que são.

    De forma que, aqui, neste blog, só existe a vaca malhada. Quem vier aqui, virá por ela. Se não for ela que procuram, é tempo perdido. O que podem esperar? Parvoíces em geral, pontualmente um ou outro tema mais sério, e sempre a tentativa de ter alguma graça. Escrevo, para me rir e divertir, para tentar esboçar sorrisos em terceiros, aliviando assim o stress do dia a dia.

    Bem dizia a vaca, que a comida requentada costuma causar azia.

    ResponderEliminar
  8. Nina,

    Antes de voltar a ser vaca, duas coisas:

    Uma explicação - está ali em cima em resposta ao comentário anónimo. Tem paciência, não é desconsideração, mas não vou escrever aquilo tudo outra vez.

    Um desafio- disserta e ultrapassa a minha argumentação de resposta ao teu 1º comentário. Vamos a ver se dás luta. Mas por favor, não uses argumentos demasiado lógicos.
    Nada melhor que esgrimir argumentos non-sense para passar bem a noite.

    Se porventura deixaste de gostar da vaca, fica a saber que foi um prazer ter-te aqui.

    ResponderEliminar
  9. Concordo com cada palavra do que tu disseste. Mas com uma de cada vez. Quando as juntaste só disseste merda!
    Bem disfarçado até podes passar por um carapau de corrida.
    Vá, retoca bem o esfíncter!

    ResponderEliminar
  10. Desde o dia 23 de Dezembro que andava para aqui entediado, à procura de sinal de vida na blogosfera e bingo!... hoje vim calhar ao sítio certo: este blog, particularmente este post, têm vida!

    A questão da violência doméstica acende os ânimos [ainda bem]. E as questões de identidade também [aqui, já não sei se é bem ou não].

    Por falar em identidade, não tenho a mesma percepção que tu, sabes? A mim pareceu-me logo, que juntar as palavras “vaca” e “fina” é coisa de gajo. A expressão “carapau de corrida”, também. E, “retocar o esfíncter”?! É gajo, pá! Só pode!

    Mas, não ligues Vi [posso tratar-te por Vi? O “V” é de Vaca. A vogal, escolhi-a ao acaso. Gosto de monossílabos. Também gosto de abraços que nunca passam - parece que não mas, tem tudo a ver]. Provavelmente o NCK atrasou-se na entrega de alguma encomenda de extintores e agora, tu é que pagas. Isto às vezes, há destas confusões. Mas, o que a blogosfera precisa é de gente divertida e inteligente a escrever. Abaixo, os gajos mal dispostos. E as gajas, também.

    Assim sendo, acabaste de ganhar o teu 2º leitor [ganham em número, as senhoras - não deve ser só em número]. Não estranhes a escassez de comentários.

    Aq(uinha)
    [Eu sei. Parece nick de gaja. Isto das identidades tem que se lhe diga]

    PS1 | As estimas que se mantêm são bonitas de se ter.

    PS2 | As dúvidas é que não.

    PS3 | Que pena a tua amiga não ter precisado da imagem de uma abelha mais cedo.

    ResponderEliminar
  11. Olá Aquinha,

    Já tinha apontado no meu caderno de registos, que tinha a sensação que um dia destes virias visitar-me. Como vês, não és só tu que tens sorte ao bingo.

    No entanto, a sensação é (ainda) estranha.

    Lamento as dúvidas.

    Podes chamar-me Vi à vontade. Além de soar bem, já estou habituado a que me chamem nomes neste blog.

    Não esperes por muitos posts também. Mais por falta de tempo do que por falta de vontade.

    Quanto à tua identidade, se puderes, finge que és miúda, é mais fácil para mim.

    A sensação é ainda tão estranha.

    Abraço

    ResponderEliminar

Tou no banho, mas fique à vontade.